No escurinho do cinema...os absurdos!

quinta-feira, 1 de julho de 2010


Deixei este post ser algo à parte do último, a crítica de Eclipse, pois é um assunto que merece ser abordado de uma forma diferente. Estava com minha amiga dentro da sala do cinema, prontas e ansiosas para ver o filme. O Cinemark é O Cinema né, mas logo que sentei pude observar que quatro meninas, que deviam ter entre 12 e 14 anos, nos incomodariam diretamente com seus berros e muito mais. E não estava errada.
A sala apagou suas primeiras luzes e ouviram-se gritos, depois quando tudo ficou no escuro, mais gritos. A platéia aplaudiu até mesmo a propaganda de segurança do Cinemark, como se fosse uma verdadeira lição de vida. Quanto exagero!
Começamos enfim a assistir Eclipse e já na primeira cena romântica e melosa de Edward, o público soltava seus suspiros e seus "ahhhhhhhhhhhhhhhh". Mas o pior estava por vir, sabíamos todos disso. Bastava Jacob aparecer e aquele cinema ia abaixo com os gritos estéricos das garotas - inclusive as que estavam sentadas atrás de mim. Não era preciso que ele estivesse sem camisa, a sua presença já era o suficiente para tanto.
Eis que em dado momento do filme, mais uma vez o lobisomem sem-camisa dando o ar de sua graça, escuto uma das meninas ali atrás dizer: "P****Q****P**** como esse cara é gostoso!". Então recordei-me da época de infância, onde eu jamais pronunciei palavras tão fortes e chulas como as que esta garotinha acabava de balbuciar aos trancos e barrancos da sua voz infantil.
Se fosse minha filha - e eu não quero ter filhos - tavez fosse uma mãe muito má, porque daria-lhe um tapa tão sincero para que nunca mais repetisse isso. Mas eu ainda sabia que não deveria me espantar, já que crianças de 4 anos sabem falar nomes feios e palavrões.
A pior parte estava ainda por vir, na cena mais linda do filme, quando Bella tenta convencer Edward de terem sua primeira relação. Mas ele, cavalheiro das antigas, não se deixa levar, faz uma declaração e a pede em casamento - o acordo dele para que enfim eles concretizassem o seu desejo daquela noite. A cena mais bonita de Eclipse. Um pedido de casamento cheio de amor. Estragada por uma geração que não sabe amar.
A menininha comenta em alto e bom tom: "Ahhhh que coisa mais CARETA". E meus olhos ainda fixos na telona não perderam o foco, mesmo que meus ouvidos tivessem dado voz aos meus pensamentos mais íntimos a respeito daquela frase. De fato, fiquei abismada, mas não deveria ficar. Chego a conclusão que sou uma velha aos 21 anos de idade, porque nos meus tempos curtíamos a infância e a pré-adolescência com brincadeiras e educação, videogames com jogos do Mario Bros e sem calculadora nas provas de matemática. Aonde foi parar o esconde-esconde? O pega-pega? Esta nova geração se importa mais com sexo antes do casamento e não sabem o que estão jogando fora. E se falamos estas coisas, somos velhotes, somos CARETAS como a garota diz. Pobre nova geração que não aproveita sua época no momento certo e que tudo faz precosemente sem pensar. É de dar dó e pena ao mesmo tempo.
O que antes era um tabu e não se podia falar em público, tanto foi modificado que hoje é tratado com descaso e é banalizado por pessoas que nem largaram as fraldas! Eu gostaria de dizer a estas meninas que a minha educação com relação ao sexo é: sexo é amor. E é também algo que, devido a falta de consideração e importância que elas pareciam dar ao assunto, dificilmente descobrirão o que é.
Mas voltando ao filme, na mesma cena, o personagem Edward se desculpava com Bella por ser tão arcaico. Novamente a menina se vira para a amiga e pergunta: "O que é arcaico?" . Não há nenhum problema no fato dela não saber o significado da palavras, mas...tentei entender...ela não sabe o que é "arcaico", mas sabe que pode ter sexo antes do casamento e que se for depois, é "careta". Arcaico...careta...que interessante não? Os prazeres banais são colocados à frente dos valores morais e da educação. Meu Deus, o que será de nosso país no futuro? Voltei ao filme para me concentrar e ao sair tentei esquecer os comentários lamentáveis de uma simples menina que nem começou a viver e já está vivendo errado.

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