Literatura e jornalismo são coisas que para muitos críticos não combinam, mas há opiniões diversas a respeito do assunto. Muitos jornalistas acabaram vendo no fato ou na notícia uma grande oportunidade de investigação e aprimoramento do caso, outros tantos acabam querendo se estender para além das páginas do jornal, e é a partir disso que nasce o jornalismo literário.
A literatura está diretamente ligada ao imaginário, ao fictício, a história prolongada onde o autor poderá fazer suas reflexões intelectuais, bem como construir os personagens psicologicamente. É um mundo de diferentes culturas que não se prende a um único dia, é recheado de acontecimentos que se desenvolvem em tantas páginas. O jornalismo é totalmente o oposto da literatura, se prende ao factual, à notícia, o ocorrido, aos famosos “o que?”, “quando?”, “onde?” e “porque?”. Prega a idéia da neutralidade e da objetividade dos fatos, onde o jornalista não pode falar mais do que duas colunas, nem expressar sua opinião.
O jornalismo é uma bela arte de informar com palavras, mas ele deveria se “prender” ao dia a dia? No mundo atual, as informações rápidas são de extrema importância para um leitor que opte por trechos curtos de textos, por falta de tempo ou preguiça de leitura. Mas as reflexões e o aprofundamento do caso ficam exclusivamente por conta deste mesmo leitor, que durante sua passada de olhos na notícia não absorveu para si conhecimento algum.
Pelos pontos já citados sobre literatura, nota-se que automaticamente, mais cedo ou mais tarde, a neutralidade jornalística se perderá nas páginas do livro. Aliás, perdesse desde o início quando o escritor define um personagem principal, um secundário, o bom e o mau. Ali o autor possui o dom de mudar a rotina quando bem entender e inventar histórias que o jornalista jamais iria fazer em sua reportagem.
Mas ambos têm pontos em comum: a investigação do fato, a apuração, as entrevistas e finalmente a escolha das palavras adequadas para enriquecer o texto - fazem o que chamamos de jornalismo literário, o jornalismo das páginas ampliadas. É o caso de livros como “A Sangue Frio” de Trumman Capote.
O jornalista transformou a notícia do canto da página do jornal em uma das maiores obras jornalísticas do século passado. Não consideremos aqui as polêmicas que envolvem as críticas de Capote, mas sim a visão de jornalista do autor que o fez apurar o fato e a análise psicológica de personagens reais (até mesmo dos mortos) a partir de suas impressões, pesquisas e entrevistas. “A Sangue Frio” não é e nem será o último livro que trará um belo casamento de jornalismo e literatura.
Na época em que o jornalismo literário começava a nascer e a se desenvolver de forma autônoma, tornou-se discussão entre os profissionais da área. Aqueles rígidos nunca aceitaram de fato a união dos dois tipos de linguagem em “um único ser”.
“... O jornalismo literário aperfeiçoou-se. Adquiriu, digamos, maior autoconsciência. Não podia ser diferente. Mais que uma técnica narrativa, o JL é também um processo criativo e uma atitude nos quais não cabem fórmulas, esquemas ou grupismos. São esses fatores que o projetam, hoje, como alternativa (óbvia) para arejar os conteúdos de jornais e revistas, principalmente, mas também de documentários audiovisuais, radiofônicos e até sites.” VILAS BOAS, Jornalismo Literário e o Texto em Revista. Jornalite – Portal de Jornalismo Literário no Brasil. São Paulo, 2001.
“Por sua natureza e concepção, (a revista) esteve na origem da imprensa portadora de um estilo de resistência à ditadura militar (...). Apresentava um jornalismo de ambições estéticas, baseado na vivência direta do jornalista” The New Journalism, 2003, p. 47-48.
Não é possível contrariar a história da comunicação, assim como também não se pode negar o aprimoramento da apuração jornalística e das informações obtidas através da literatura. A transmissão do conhecimento para o leitor se dá através dos fatos mais pesquisados e abrangentes, pois tendo o envolvimento ou não do autor, as pessoas constroem suas opiniões e críticas muitas vezes de um ponto de vista diferente e muito mais detalhado e conciso do que na simples leitura do jornal.
Primeiramente a sociedade deveria se adaptar ao jornalismo e não o inverso. A população não tem o hábito de ler e por isso, os textos tentam ser o mais curtos e breves possíveis para se prender a atenção do leitor. Enquanto que os que vêem na leitura um grande prazer, procuram livros e imergem em seus contos e poesias por dias.
Por isso, a junção dos dois tipos de linguagem – a jornalística e a literária – formam algo que apesar de polêmico, permanece inovador e característico, pois o jornalismo literário pegou a estética do texto e as formas de se elaborar uma boa notícia e juntou em um universo não muito paralelo, porém novo. Talvez as universidades devessem estudar ainda mais esse campo, pouco abordado academicamente falando, mas muito praticado por jornalistas escritores mundo afora.
Aos críticos, cabe a eles entender e compreender a nova linguagem como meio de comunicação que nunca se perderá no tempo ou espaço. A reflexão de uma importante questão, a chamada de atenção para o fato, os diferentes pontos citados na história e até mesmo perfis de criminosos, trazem ao público a informação mais apurada da pesquisa, dando a ele a chance de realmente formar uma opinião sem a interferência dos interesses dos meios de comunicação.
O jornalismo literário é um meio livre dos grandes conglomerados de empresas jornalísticas e é uma nova linguagem que fala por si só. São velhos ramos de atividades agora unidos por um mesmo gosto de apuração e contador de histórias como no já citado livro de Capote. E que se salve o jornalismo literário das regras impostas esteticamente nos textos de notícia, salve-se ele das coisas pré-estabelecidas e que os profissionais devem seguir a risca para não perderem as cabeças nos empregos.
O jornalismo literário é a expressão forte ocultada pelos meios de comunicação e que com o “zoom” da visão da sociedade, a página ampliada se torne uma “obrigação” nas prateleiras dos lares de nossos leitores.
A literatura está diretamente ligada ao imaginário, ao fictício, a história prolongada onde o autor poderá fazer suas reflexões intelectuais, bem como construir os personagens psicologicamente. É um mundo de diferentes culturas que não se prende a um único dia, é recheado de acontecimentos que se desenvolvem em tantas páginas. O jornalismo é totalmente o oposto da literatura, se prende ao factual, à notícia, o ocorrido, aos famosos “o que?”, “quando?”, “onde?” e “porque?”. Prega a idéia da neutralidade e da objetividade dos fatos, onde o jornalista não pode falar mais do que duas colunas, nem expressar sua opinião.
O jornalismo é uma bela arte de informar com palavras, mas ele deveria se “prender” ao dia a dia? No mundo atual, as informações rápidas são de extrema importância para um leitor que opte por trechos curtos de textos, por falta de tempo ou preguiça de leitura. Mas as reflexões e o aprofundamento do caso ficam exclusivamente por conta deste mesmo leitor, que durante sua passada de olhos na notícia não absorveu para si conhecimento algum.
Pelos pontos já citados sobre literatura, nota-se que automaticamente, mais cedo ou mais tarde, a neutralidade jornalística se perderá nas páginas do livro. Aliás, perdesse desde o início quando o escritor define um personagem principal, um secundário, o bom e o mau. Ali o autor possui o dom de mudar a rotina quando bem entender e inventar histórias que o jornalista jamais iria fazer em sua reportagem.
Mas ambos têm pontos em comum: a investigação do fato, a apuração, as entrevistas e finalmente a escolha das palavras adequadas para enriquecer o texto - fazem o que chamamos de jornalismo literário, o jornalismo das páginas ampliadas. É o caso de livros como “A Sangue Frio” de Trumman Capote.
O jornalista transformou a notícia do canto da página do jornal em uma das maiores obras jornalísticas do século passado. Não consideremos aqui as polêmicas que envolvem as críticas de Capote, mas sim a visão de jornalista do autor que o fez apurar o fato e a análise psicológica de personagens reais (até mesmo dos mortos) a partir de suas impressões, pesquisas e entrevistas. “A Sangue Frio” não é e nem será o último livro que trará um belo casamento de jornalismo e literatura.
Na época em que o jornalismo literário começava a nascer e a se desenvolver de forma autônoma, tornou-se discussão entre os profissionais da área. Aqueles rígidos nunca aceitaram de fato a união dos dois tipos de linguagem em “um único ser”.
“... O jornalismo literário aperfeiçoou-se. Adquiriu, digamos, maior autoconsciência. Não podia ser diferente. Mais que uma técnica narrativa, o JL é também um processo criativo e uma atitude nos quais não cabem fórmulas, esquemas ou grupismos. São esses fatores que o projetam, hoje, como alternativa (óbvia) para arejar os conteúdos de jornais e revistas, principalmente, mas também de documentários audiovisuais, radiofônicos e até sites.” VILAS BOAS, Jornalismo Literário e o Texto em Revista. Jornalite – Portal de Jornalismo Literário no Brasil. São Paulo, 2001.
“Por sua natureza e concepção, (a revista) esteve na origem da imprensa portadora de um estilo de resistência à ditadura militar (...). Apresentava um jornalismo de ambições estéticas, baseado na vivência direta do jornalista” The New Journalism, 2003, p. 47-48.
Não é possível contrariar a história da comunicação, assim como também não se pode negar o aprimoramento da apuração jornalística e das informações obtidas através da literatura. A transmissão do conhecimento para o leitor se dá através dos fatos mais pesquisados e abrangentes, pois tendo o envolvimento ou não do autor, as pessoas constroem suas opiniões e críticas muitas vezes de um ponto de vista diferente e muito mais detalhado e conciso do que na simples leitura do jornal.
Primeiramente a sociedade deveria se adaptar ao jornalismo e não o inverso. A população não tem o hábito de ler e por isso, os textos tentam ser o mais curtos e breves possíveis para se prender a atenção do leitor. Enquanto que os que vêem na leitura um grande prazer, procuram livros e imergem em seus contos e poesias por dias.
Por isso, a junção dos dois tipos de linguagem – a jornalística e a literária – formam algo que apesar de polêmico, permanece inovador e característico, pois o jornalismo literário pegou a estética do texto e as formas de se elaborar uma boa notícia e juntou em um universo não muito paralelo, porém novo. Talvez as universidades devessem estudar ainda mais esse campo, pouco abordado academicamente falando, mas muito praticado por jornalistas escritores mundo afora.
Aos críticos, cabe a eles entender e compreender a nova linguagem como meio de comunicação que nunca se perderá no tempo ou espaço. A reflexão de uma importante questão, a chamada de atenção para o fato, os diferentes pontos citados na história e até mesmo perfis de criminosos, trazem ao público a informação mais apurada da pesquisa, dando a ele a chance de realmente formar uma opinião sem a interferência dos interesses dos meios de comunicação.
O jornalismo literário é um meio livre dos grandes conglomerados de empresas jornalísticas e é uma nova linguagem que fala por si só. São velhos ramos de atividades agora unidos por um mesmo gosto de apuração e contador de histórias como no já citado livro de Capote. E que se salve o jornalismo literário das regras impostas esteticamente nos textos de notícia, salve-se ele das coisas pré-estabelecidas e que os profissionais devem seguir a risca para não perderem as cabeças nos empregos.
O jornalismo literário é a expressão forte ocultada pelos meios de comunicação e que com o “zoom” da visão da sociedade, a página ampliada se torne uma “obrigação” nas prateleiras dos lares de nossos leitores.
0 comentários:
Postar um comentário