Game of Thrones: o maior sucesso ou o maior fiasco?

sábado, 20 de junho de 2015
(Atenção, este post tem spoilers!)

Jon, Arya, Tyrion, Bran e Daenerys

Game of Thrones. Você pode não assistir, mas com certeza já ouviu falar. Pode não gostar, mas já ouviu comentários. Pode achar que tudo não passa de moda, mas não pára de ver a imprensa falar dela. Uma coisa é verdade, Game of Thrones é A Série.
No último domingo, a 5ª temporada terminou de forma avassaladora para os despreparados e como já estava cansada de ler tantas críticas e análises sem conhecimento algum dos livros (sim, nós percebemos!), vamos fazer um apanhado geral. 
Game of Thrones criou barreiras enormes e dividiu o seu próprio público em três partes: os leigos que não leram os livros, os leitores comuns e os leitores fanáticos que acham que sabem tudo que está nas entrelinhas. E as brigas e discussões entre esses grupos chega a ser de uma ferocidade digna de dar pena! Enquanto os leigos sofrem por qualquer coisa que aconteça, os leitores se digladiam nas redes sociais com suas mil e tantas teorias. Tudo isso porque o bom velhinho (notem a ironia), George R.R. Martin, é muito lento para escrever o 6º volume e a TV chegou nele muito rápido - tanto que não tinha mais o que fazer a não ser cada um seguir o seu rumo.
A partir daí surgiu a famosa frase "os livros são os livros, a série é a série" e o público se dividiu novamente entre os criticam os roteiristas e diretores e os que os defendem. Os episódios passaram então a dar os maiores spoilers do que não se sabe nos livros - o primeiro deles sobre os Caminhantes Brancos transformando um bebê e mais tarde com novas aparições, quando no mundo literário não se sabe praticamente nada sobre eles ou ainda como são criados e derrotados. A TV optou por esquecer núcleos (Os Greyjoy que o digam), dizimar outros (Baratheon, bye bye), fazer com que peças chaves se tornem apenas mesquinharias (Dorne...Dorne), inverter as histórias dos personagens (os que morrem, vivem nos livros; ou os que não fazem nada tem um grande papel na TV). Fato é que rodaram, bailaram, sambaram e foram todos para o mesmo lugar: o final de "Dança dos Dragões".
Todos já estão acostumados com os choques de Game Of Thrones, mas esta temporada foi ainda pior. A internet ficou louca com as mortes e abusos desnecessários e realmente foram desnecessários. Às vezes costumo parar e pensar em certas cenas e digo "Pra quê isso? O que isso vai mudar afinal? O que custa?".
Sansa Stark nunca se casou com Ramsay Bolton. Meu Deus, onde foi parar a falsa Arya que foi designada como sua esposa? Onde está o povo do Norte que jurou lealdade à eles e se juntaram com Stanis Baratheon para tomar o reino de volta? E ninguém sabe o que ocorreu nessa batalha ainda. Mas a série já deu seu veredicto: ele perdeu e parece que morreu - pelas mãos de Brienne! Brienne que ficou lá esse tempo todo esperando ascender uma vela na janela e no final não estava mais lá! 
Tyrion Lannister e joguinho de conversas com Daenerys Targaryen seria até bem interessante, algo que os leitores esperavam por muito tempo (e que nunca aconteceu nos livros), mas certamente não dessa forma. Ou você acredita que quando eles se encontrarem nos livros a situação será assim tão simples de ser resolvida? "Os livros são os livros, a série é a série". Claro, estou sendo bem superficial. Se fosse entrar nos mínimos detalhes estaria por aqui na próxima semana inteira ainda escrevendo.
Bran ficou esquecido (sua história já tinha dado tudo o que podia na temporada anterior), mas foi pouco explorado para explicar sobre o "warg". Seria essa a intenção da HBO? Todo o mistério que não foi feito com os Caminhantes Brancos, é feito com o fato dos Starks poderem trocar de corpo - ser um warg. E nisso se resume todas as teorias de Westeros, a esperança que leitores e espetadores procuram manter para uma teoria final, perfeita e feliz, Mas lembrem-se, estamos falando de Game of Thrones. 
Portanto, todos esses choques, mortes, conversas fiadas deixaram esta como a pior temporada da série até aqui. Completamente estagnada, os roteiristas não sabiam mais o que fazer. Tinham que enrolar muito para não contar as cenas principais logo de início e por isso tivemos muito papo e pouca ação. Mas lembrem-se, estamos falando de Game Of Thrones. 
Eis que do nada, o amado bastardo Jon Snow decide buscar os Selvagens para salvá-los de um terrível desastre e testemunhamos a batalha épica! Uma cena que não acontece nos livros e criada totalmente para a TV, minutos de muita adrenalina, o espanto, aquele bom de ser sentido, que fazem você levantar do sofá e gritar, torcer! A melhor batalha já produzida, de deixar qualquer fãzinho de The Walking Dead no chinelo pensando que está assistindo a algo realmente bom. São por essas cenas inesquecíveis que vale a pena assistir Game of Thornes. Simplesmente fantástico! A mídia babou, os leitores babaram, os leigos babaram e nós finalmente fomos UM. E Jon escapou ileso. Lindo! Só que nem tanto.
No final, o último minuto da última temporada, uma traição dolorosa de ser vista... E se nos livros há alguma esperança, a série também deixou...E se nos livros há muitas perguntas, a série também deixou. A intenção foi essa, fazer com que todos, igualmente, ficassem na dúvida. Na literatura, Jon desaba, escuta Fantasma (o seu lobo) uivar e pronuncia seu nome, o que levantou a possibilidade dele ser um warg e não ter morrido de fato. No episódio, ele simplesmente cai e não diz nada (aliás, alguém aí viu os Lobos???). Assustador? As reações foram exageradas. Muitos lembraram que a "feiticeira" Melissandre voltou a Castelo Negro, do qual ela nunca saiu na história original, e pode ressuscitá-lo. O ator afirmou que morreu de verdade e não voltará mais na série. Mas também já saiu por aí a notícia de que ele renovou contrato até a 7ª temporada. 
O que não ouvi ninguém falar (e se alguém falou, diga por aqui também), foi algo que reparei após alguns minutos do término desse episódio: os olhos de Jon mudam de cor, de castanho escuro para algo mais claro, como um verde ou azul. Seria essa a pista?

Se o personagem morreu, assim como supostamente também ocorreu com Stanis, foi a maior burrada da história da HBO. Assim como foi a maior parte do que eles fizeram nesta temporada. Muitos criticaram os fãs que queriam a sequência similar a dos livros, mas a verdade é que nunca vimos algo se provar tão verdadeiro quanto sabemos agora, de como a literatura é infinitamente superior a meras imagens e de como elas não conseguem seguir o próprio caminho sozinhas. Então apenas peço, HBO pense duas vezes antes de escrever a próxima temporada antes do lançamento de "Os Ventos do Inverno" e Martin, termine isso logo, por favor!


E você, o que achou? Jon Snow realmente se foi para sempre? Seja qual for a sua opinião, tenho um conselho para te dar...

"Os livros são os livros. A série é a série."





Crítica: Quem é você, Alasca?

domingo, 7 de junho de 2015


É deprimente pensar que autores famosos conseguem sucesso com algo tão pobre quanto John Green conseguiu com Quem é você, Alasca?. Você se lembra daqueles filmes americanos tipicamente adolescentes, do estilo American Pie? Nisto se resume a história desse livro. Um garoto normal que se envolve com amigos malucos, uma garota maluca, fumam, aprontam sua travessuras como um bando de crianças que estão sem a vigilância dos pais.
Afinal, isto me faz pensar em como ser detalhista pode ser tão irritante ou o quanto a psicologia moderna pode beirar a loucura e a insanidade, o que revela uma informação interessante sobre o autor: a de que ele não sabia o que estava fazendo, ou melhor, escrevendo. O pior de tudo isso? É tentar entender o motivo pelo qual ele entra na lista dos mais vendidos - Na verdade há uma resposta e se chama "A Culpa é das Estrelas".
Quando temos disponíveis nas prateleiras outros tantos livros incríveis, muitas pessoas gostam e aprovam a psicologia barata da adolescência americana e caem na, vamos dizer assim, "modinha" do momento. Desde quando será que os autores passaram a falar tanto dos detalhes? Existem tantas descrições em Quem é você, Alasca? que as páginas ficam carregadas de informações inúteis para a história, coisas que não levam a lugar nenhum e não dizem nada sobre os personagens. É de dar sono.
Chegamos nas partes que geralmente os bons leitores sabem apreciar, a arte de desenvolver a complexidade dos personagens no texto. Sim, pois isso é uma arte e um ingrediente essencial que pode tanto ser um sucesso quanto um grande fiasco. Se não colocado na dose certa, tudo vai por água abaixo. Infelizmente é preciso dizer que John Green necessita de aulas sobre este assunto. Certamente que descrever sobre "as últimas frases" ditas antes de morrer, uma linda paisagem vista pela janela, seguir sempre o colega ou se apaixonar pela garota mais óbvia do mundo, está longe - muuuuuitooooooo longe - de falar ao leitor sobre a mentalidade daquele ser humano imperfeito que acompanhamos página após página.
Ele precisava aprender um pouco com Patrick Rothfuss sobre isso; com George R. R. Martin sobre detalhes; com Kaled Hosseini sobre cultura; com J.R.R Tolkien sobre ritmo; e para não dizer que fui tão longe assim de seu universo, com J.K Rowling sobre aventura adolescente. Sei que o autor é quase um "queridinho da turma", mas se você acha ele bom, precisa se aventurar em fantasias e romances de verdade.