Crítica: A breve segunda vida de Bree Tanner

quarta-feira, 25 de agosto de 2010
A curtíssima passagem da personagem Bree no livro Eclipse, de Stephenie Meyer, rendeu uma boa história. Muito diferente daquele mundo encantado de Bella Swan, do romantismo antigo de Edward Cullen e dos músculos aventureiros de Jacob Black, A breve segunda vida de Bree Tanner - Uma história de Eclipse, traz a vida sombria de uma recém-criada. O leitor terá aqui aquilo que mais cobraram de Meyer: uma história de vampiros.
Bree vive com os mesmos enigmas de todos os outros, não sabe o "por que" daquela existência, nem o "por que" estavam ali, nem o que fazer. A única coisa que ela tinha certeza é que todos "não pensavam", "eram um bando de idiotas", que a sede por sangue fazia sua garganta arder, e que estaria protegida por Fred - o único dos 22 vampiros criados por Riley e Victória que possuía um talento.

Ninguém conseguia ficar perto de Fred, exceto Bree. Os dois não se falavam, não conversavam, mas certamente entendiam que Riley não era confiável. Em meio a uma caçada, a jovem de apenas 15 ou 16 anos (ela não se recordava muito da vida humana) encontrou Diego, braço direito de seu líder, que a fez repensar em todas as coisas. Juntos, eles descobriram que não queimavam ao ficarem no sol como Riley contara. Era apenas a primeira de muitas mentiras contadas a eles, simplesmente para mantê-los sob controle.
A sede de sangue humano era uma distração natural. Nenhum deles podiam se concentrar ou pensar quando estavam com fome. Era tudo um plano. Apesar das descobertas que Bree e Diego faziam a respeito de sua própria espécie, o sol, os quatro vultos de preto, leis dos vampiros...tudo agora eles iam sabendo aos poucos, mas sem nenhum entendimento profundo. Sabiam que estavam sendo criados como um exército, um exército ilegal.
E todos os fatos que ainda não faziam nenhum sentido, não abalaram a confiança de Diego em Riley, que acabou terminando da forma que Bree viera finalmente compreender 4 dias depois - o dia que soube de tudo e, consequentemente, seu último dia de vida.
Bree Tanner viveu no meio de mentiras, viveu para sobreviver em um mundo que ela nunca chegou a conhecer. Apesar de ser jovem, ela com certeza era inteligente o suficiente para saber onde ficar, o que fazer, as companhias que deveria ter. Mas esta mesma inocência causou sua morte: ter acreditado em Riley que Diego lutaria contra os olhos amarelos, então jogando a idéia de que ele estaria morto para longe da sua mente juvenil. Se não fosse por Diego, Bree teria fugido junto com Fred.
Nos momentos que antecederiam o seu fim como vampira, tudo fazia sentido e os fatos, as conversas, os discursos, o exército, a luta, ficava claro dentro de seus pensamentos. Mas antes de morrer ela ainda foi digna de uma boa "pessoa"...revelou tudo o que testemunhou ao rapaz de cabelos de bronze, o que ela julgava ser aquele que tinha o talento de ler mentes. E ao mesmo tempo escondeu o que podia dos quatro vultos negros.


Jodelle Ferland, a intérprete de Bree em Eclipse

Pela primeira vez em quatro livros que compõe a série Twilight, Stephenie Meyer abordou a vida solitária e sombria de um vampiro, mesmo que não tenha sido como muitos imaginem. Todos os leitores já sabem o final doloroso de Bree e talvez por isso, durante a leitura, grande parte sentirá dó da jovem ou ficará comovido, justamente por saber que ela teve outras opções e poderia ter tido outro fim. Pobre Bree, estava em uma vida que ela nem sequer chegou a viver ou a conhecer.
"Eu fechei os olhos" - foi a última frase dita por seus pensamentos no livro. E assim terminou a breve segunda vida de Bree Tanner.

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