Crítica: Livro "Querido John"

quinta-feira, 28 de outubro de 2010
O autor Nicholas Sparks gosta mesmo de escrever romances. Basta ver os trezentos livros com títulos de histórias diversas e com abordagens diferentes. Em "Querido John - O que você faria com uma carta que mudasse tudo?", Sparks procura se inspirar nos dois lados da moeda para tentar explicar o que é amar verdadeiramente. Um soldado americano que se alista no exército pois aquilo era "o certo a se fazer em tal momento" e que agora se divide entre o patriotismo simbólico do seu país e o amor de uma garota ingênua. 
John Tyree serve em uma base militar na Alemanha e em uma de suas licenças conhece a inocente Savannah Lynn Curtis. Eles passeiam pela praia, dançam, conversam, jantam em restaurantes...ele conhece um pouco da vida dela e ela da dele...um amor à primeira vista perfeito que não tinha como dar errado. A primeira briga do casal acontece pouco antes dele retornar à terra dos comandos de Hitler e talvez seja nesse instante que é possível notar os acontecimentos que viriam a seguir na vida de ambos.
A narrativa é sempre do ponto de vista de John, suas emoções, seus conflitos, seus pensamentos e sentimentos. Rodamos em volta do personagem central e assumimos a posição de julgadores de seus próprios atos...o mais interessante, é que sempre concordamos com ele no final das contas. John é um homem maduro, pronto para tudo e que como soldado vê muito mais do que as pessoas querem realmente enxergar. Savannah é apenas uma menina - pelo menos ao meu ver - que sonha alto, faz planos pensando que o mundo é rosa. A sua inocência é tão evidente que ela pagou caro por isto no passado quando conta um episódio da faculdade à John na mesma noite em que se beijaram pela primeira vez. E também pagaria no futuro e no presente. 
A medida que a narrativa avança e estamos dentro da cabeça de Tyree, acompanhamos os dias dolorosos que ele enfrenta na Guerra do Iraque e ao mesmo tempo pensamos que ao ler aquela carta, Savannah errou. A carta mudou a vida do soldado, assim como mudou a dela. Podemos dizer que o livro se baseia em um romance à distância - ela nos EUA e ele na Alemanha/Iraque - e basicamente, o que Sparks deseja passar é "qual o real significado do verdadeiro amor?" . Durante a história você mal está pensando nisso e somente no final somos capazes de entender o que era gritante no enredo, porém, enfeitiçados pela narrativa de John, seu amor obssesivo e sua razão tão lúcida, não conseguimos identificar a questão, muito menos a resposta.
O amor era forte, mas não o suficiente para manter Savannah por mais tempo longe de Tyree. O 11 de setembro e a guerra do Iraque aumentou ainda mais o buraco entre os dois. Mesmo depois do reencontro, agora nada mais era possível. O destino tinha sido traçado e o "erro" cometido por ela (na minha opinião, claro) era o seu futuro longe do amor de John. "Qual o real significado do verdadeiro amor?" ....
John Tyree aprendeu a resposta de uma das piores formas possíveis: perdendo Savannah renunciando aos seus sentimentos - e aos dela também. O carinho mútuo se reservou aos momentos de lua cheia. Tudo bem que o livro é meio "paradão", sem ação, mas a pergunta final responde as questões mais íntimas dos loucos por amor....para você "qual o real significado do verdadeiro amor" ?

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