Cães podem ajudar a detectar e curar doenças graves em humanos

sábado, 1 de maio de 2010

Estudos revelam que ambos possuem similaridades que auxiliariam no tratamento de doenças

Por Alessandra Sabbag

Cientistas descobriram que a relação entre cães e humanos vai muito além da simples amizade. Se quando ficávamos doentes o nosso companheiro e amigo inseparável já não nos abandonava e até nos fazia sorrir, hoje eles podem ajudar na procura pela cura de uma grave doença. Uma pesquisa revelou que 85% dos genes dos caninos são semelhantes aos do corpo humano e que juntos possuem mais de 400 doenças em comum.

"Quando comparado com os genomas de humanos e outros importantes organismos, o genoma do cão fornece uma ferramenta poderosa para a identificação de fatores genéticos que contribuem para a saúde humana e a doença", diz Francis S. Collins, diretor do National Human Genome Research Institute (NHGRI). Recentemente, um estudo feito pela Fundação Pinet Street, na Califórnia, afirma que os cães “detectam” o câncer antes mesmo dele se manifestar.

O teste foi feito com cinco cachorros, 83 pessoas saudáveis, 55 com câncer de pulmão e 31 com câncer de mama. Através do hálito, os caninos utilizados na pesquisa tiveram uma margem de acerto que ficou entre 88% e 97%. “Acredito que cinco cães numa pesquisa seja um número muito pequeno para representar a população, mas há outros estudos indicando sim a capacidade dos cães de perceberem doenças nos humanos”, explica a veterinária Marina Poças Leitão, 45.

Marina cita o caso da epilepsia, onde o animal percebe o ataque momentos antes de acontecer, o que poderia evitar a queda da pessoa e, consequentemente, um ferimento. Os cientistas também descobriram um ponto no cromossomo 7 dos caninos que contém o gene CDH2 (Cadherin 2), que mostra uma variação genética em alguns cachorros com transtorno obsessivo-compulsivo. Agora, a medicina tenta encontrar e sequenciar o gene no corpo humano para verificar se ele de fato está ligado aos comportamentos exagerados ou excessivos das pessoas.

Um cão que nos faça sorrir basta para uma boa saúde

A presença do cão já é o suficiente para produzir no ser humano um estado de melhora. Há também muitos relatos sobre terapias com animais relacionadas a doentes gravemente enfermos. “A simples presença de um animal pode trazer um sorriso a um corpo doente. Sabe-se que isso pode levar o organismo a liberar substâncias benéficas, que podem ajudar a combater inflamações e no controle da dor”, afirmou a veterinária.

Justamente por isso, muitos cachorros dóceis e calmos são levados a asilos e orfanatos, para alegrarem o dia de pessoas idosas e crianças. E as entidades que encaminham os animais para esses locais afirmam que os resultados são ótimos e incontestáveis. Ao mesmo tempo, a ciência não pode esquecer que outras espécies como cavalos, ratos, macacos e coelhos também ajudam a descobrir a cura de muitas doenças.

“O que me preocupa é o exagero. Não podemos nunca nos esquecer que as espécies animais são diferentes entre si, cada qual com seu funcionamento, ou seja, por mais que determinada terapia funcione no cão, ela pode ter o efeito contrário no ser humano”, contou Marina Leitão. Os estudos deixam claro que, através de pesquisas e experimentos, o homem pode utilizar suas semelhanças com as demais espécies de animais para entender melhor determinadas doenças. “A medicina humana e a veterinária podem – e devem – trabalhar juntas. É positivo para as duas partes. Mas sempre respeitando a vida e as diferenças”, enfatizou a veterinária.

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