Crítica: Cinquenta Tons de Cinza

quinta-feira, 30 de agosto de 2012


Difícil definir se "Cinquenta Tons de Cinza", da autora E. L. James, é bom ou monótono. No linguajar que segue o livro, diria excitante, porém nem tanto. Tão comentado, tão falado e tão polemizado pela simples questão de tratar de um assunto que sempre fica entre quatro paredes. Anastasia Steele é uma jovem estudante universitária que se encanta pelo ricaço Christian Grey a ponto de aceitá-lo nas condições e formas que ele deseja. O estreito relacionamento amoroso e doentio que se passa entre os dois é a base e o ápice de todo o enredo. Os demais personagens são meros coadjuvantes.
Com o passar do tempo, Ana começa a enxergar que Christian não é do tipo romântico, mas mesmo assim, entrega sua virgindade ao fogo controlador e sadomasoquista do “galã”. Isso mesmo, Grey é o ‘galã vilão’ e Steele é a mocinha inocente sem ingenuidade. O mais interessante de tudo é que as partes de sexo, apesar de picantes, ardentes e extremamente emotivas nas palavras são também as mais chatas. Você pensa: “Ah não, lá vem o sexo de novo”. Não é possível e a leitura não deixa transparecer, se aprofundar nas dores e sensações da personagem principal. Em outras palavras, não conseguimos “sentir”. Acredito que nisto a autora ainda precisa aprimorar, saber levar não somente as cenas como também as emoções até a imaginação das pessoas. E isto é o que me dá mais prazer na leitura.
Por outro lado, as trocas de e-mails e as conversas naturais (até mesmo as mais estranhas) são boas passagens do livro. Envolventes, carismáticas, descontraídas e às vezes engraçadas. Em resumo é o que o leva a leitura a não ser torturante, no sentido de ser desgastante, até o fim. Afinal, escrever 455 páginas só de sexo seria enjoativo e doentio – como realmente é a obsessão de Christian. As interferências dos pensamentos de Ana também caem muito bem, seja qual parte estiver a história. Mas acredito que a autora não precisasse usar os nomes feios com tanta freqüência, bem como o uso do ponto final. Algumas páginas chegam a ter um excesso abusivo de palavras chulas (principalmente na hora do sexo) e. Também. Escrito. Dessa. Forma. É para dar o tom, eu sei. Mas não precisa exagerar, convenhamos.
Dá para notar que E. L. James ainda tem muito que aprender sobre ‘leitura’. Porém, isso não significa que “Cinquenta Tons de Cinza” seja ruim. Ela ainda pode abordar os dois personagens psicologicamente de formas maravilhosas e dar mais mistério aos sentimentos de um pelo outro. Ainda pode, e acredito e espero, que vá dar um “up” a mais nesse enredo, nos surpreender, pois a história tem todos os ingredientes para isso. Ela só precisaria saber usar e dosar. James tem tudo o que necessita para transformar essa trilogia em uma importante obra literária sobre amor e sexo, abordado das mais diversas formas que eles podem coexistir dentro de um relacionamento. Está com a faca e o queijo na mão. 

Clique no link para ver a crítica de Cinquenta Tons Mais Escuros: http://diariosdeumareporter.blogspot.com.br/2012/09/critica-cinquenta-tons-mais-escuros.html

0 comentários:

Postar um comentário