Crítica: Adorável Heroína

terça-feira, 26 de junho de 2012
Adorável Heroína seria um livro excepcional se a história se focasse naquilo que o título propõe, no entanto, as diversas divagações no tempo, enfraqueceram a ideia. Nele, Michael Higson, cego desde nascença, conta como conseguiu sobreviver aos atentados terroristas do 11 de Setembro com sua cão-guia Roselle. Isso mesmo, um homem que não enxerga foi capaz de descer 78 andares da Torre Norte do World Trade Center usando as escadas juntamente com outras milhares de pessoas. 
A ideia original do livro era contar um pouco dessa aventura, porém, muitas 'interferências' são feitas no meio dela, mostrando um pouco da vida de Michael desde o dia em que nasceu. São lembranças que ele vai tendo conforme desce degrau por degrau de um enorme prédio prestes a desabar. Não vou dizer que algumas coisas são interessantes, mas depois de um tempo fica cansativo e até mesmo repetitivo já que muitas informações aparecem pelo menos duas ou três vezes em páginas diferentes. O livro parece mais o relato de como é ser cego em um mundo que é feito para pessoas com visão, do que a história da própria cão-guia.
No entanto, é forçoso observar que tirando estas partes, Adorável Heroína é realmente bom. Chega a ser curioso como Michael, que apurou os seus sentidos com o passar do tempo, consegue adivinhar o que aconteceu. No papel de uma pessoa privada da visão, a história sobre a queda das torres gêmeas ganha um fôlego a mais, um "quê" de mais emoção. A verdade é que Roselle, a labradora amarela, mesmo com o cheiro forte de combustível, com o tremor da batida e muita sede, se mantém focada no seu trabalho e o principal, com muita calma. É isso que incentiva Michael a continuar descendo tranquilamente apesar do medo. Mas para quem lê, são poucas as partes que sentimos esse pavor...apenas nos relatos das mulheres queimadas pedindo socorro e na nuvem de poeira que se alastrou pelas ruas da cidade. 
Susy Flory, a autora de Adorável Heroína ao  lado de Michael, adora finais felizes e histórias sobre cães, mas mesmo eu não sendo uma especialista no assunto - e quem sou eu para dizer alguma coisa - creio que faltou "experiência" para ela escrever este livro. Não há referências de outros títulos da autora em sua própria obra, o que é no mínimo estranho. Faltou se concentrar mais no foco do enredo e sair um pouco das lembranças de Michael, pelo menos, é o que propõe o título. 

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