Pequeno ensaio sobre a insatisfação do jornalista

domingo, 15 de julho de 2012
Por Duda Rangel


A insatisfação está para o jornalista assim como o oxigênio está para o cérebro.

Satisfação é outro papo. Tem a ver com marketing de puteiro, com slogan de saco de pão de padaria de bairro, mas não combina com “ser jornalista”.

Achar que está tudo errado e querer salvar o mundo é ótimo e é muito melhor do que salvar o mundo propriamente, porque salvar o mundo ninguém salva, é utopia, mas querer salvar o mundo, mesmo sendo utopia salvar o mundo, traz uma sensação de incômodo e é essa sensação de incômodo que faz a nossa existência, inclusive como jornalista, valer a pena.

Jornalista precisa estar insatisfeito consigo mesmo. Será que minhas sugestões de pauta não andam meio sem graça? Será que eu não apertei o botão do piloto-automático? Quando você achar o seu texto uma merda, não procure um terapeuta. Nem pai de santo. Corra a um bar para festejar com os amigos. Porque se o seu texto está uma merda é sinal de que você pode fazer melhor.

O descontentamento faz o jornalista se mexer. Não suportar mais trabalhar para a Revista Parafusos e Afins é um aviso de que chegou a hora de escrever sobre música, futebol, gastronomia.

Jornalista é um insatisfeito por natureza. Já imaginou que chatice seria se o jornalista estivesse feliz com os plantões, com a sua pauta? Satisfeito com o espaço para a matéria? Ele iria reclamar do quê? Se existe glamour nessa profissão, esse glamour é reclamar!

O dia em que o jornalista deixar de ser um insatisfeito, melhor fazer qualquer outra coisa. Sei lá, melhor virar publicitário.



http://desilusoesperdidas.blogspot.com.br/2012/07/pequeno-ensaio-sobre-insatisfacao-do.html



0 comentários:

Postar um comentário