A Cabana

sábado, 14 de abril de 2012

O frio que fazia lá fora não abatia a vontade do coração acelerado. Nem a neve congelante conseguia os fazer esquecer de que estavam ali sozinhos. O perigo parecia chegar cada vez mais perto e eles perdidos como numa caverna .
A lamparina acessa e o radinho de música eram as únicas coisas que permaneciam tão imóveis quanto eles. Aqueles olhos de mar miravam profundamente a figura do outro lado, desamparada, desiludida, emocionalmente fraca.
Levantou-se e caminhou até ela, que o fitou por doces minutos até entender: “era hora de seguir em frente”. As mãos se encostaram  e seguiam para o centro da caverna, lugar com certo espaço embora pequeno. Não se desgrudavam. O olhar que evitava se cruzar, não evidenciavam a emoção que estavam sentindo, algo que vinha de dentro e pegava fogo.
Meio desengonçado ele começa a se balançar simulando uma dança a dois, era na verdade o que queria, pois naquele estado de espírito nada lhe faria mais alegre do que dançar.
Puxou-a para mais perto, ela começou a arriscar uns passos também. Os cabelos presos e volumosos, naquele tom de mel,  faziam ele se sentir um bobo patético. Mas que importava.




Ela inicia um esboço de sorriso discreto, tímido e inibido, entretanto, não parava o balanço. Se havia música de fundo para tal, nem havia notado, provavelmente ele também não.
Jamais saberiam o que seria aquele sentimento se não o tivessem dispostos a isso. Ela rodopiava, ele girava, um nos braços do outro, completando os passos e ensaiando a coreografia de uma noite que não saberiam onde terminaria.
Abraçaram-se e a começaram a dançar grudados, com um dos braços entrelaçados e a outra mão os unindo para frente e ali ficaram como duas crianças rodando em volta de um círculo sem saber o que estavam fazendo ou para onde estavam indo.
Riram pela primeira vez depois de tanto tempo. Enroscaram-se de uma forma que não sabiam como sair, giram e giram, até as frentes se encontrarem novamente e os corpos se juntarem em um forte abraço de esperança. Pararam um pouco e se olharam.
Onde estava o frio da noite caindo lá fora? Onde estava o perigo afinal? Estavam sós, mas tinham um ao outro. Jamais saberiam o que era aquele momento se nunca tivessem se dado a chance de experimentar vivê-lo.

1 comentários:

  1. Anny Souza disse...:

    Adorei o modo com você descreveu a cena. Achei linda,e também me lembrou a musica que tocou no funco.

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