Primeira vez que posto e não faço idéia do que falar. Neste momento estou um pouco ocupada, então por isso, vou colocar aqui um texto que escrevi já faz um certo tempo. É longo, mas vale a pena (espero).
Certo dia fazia muito frio. Lá fora nevava, as ruas estavam escorregadias e cobertas por camadas de gelo. O vidro do meu quarto pingava como se estivesse chovendo lá fora, mas não estava. Não ainda. Ouvia música enquanto escrevia pensamentos em um caderno qualquer e me deixei levar pelo impulso de cada som dos instrumentos que compunham o ritmo daquela música. Ora eram músicas agitadas, ora calmas. O edredom me esquentava do frio e ali no meu cantinho eu voava com as palavras. Fechei o caderno, larguei a caneta e permiti ao meu olhar mergulhar no branco da neve que voltava a cair. Parei na janela e de lá de cima fiquei observando o movimento da rua...completamente vazia. Começou a chover uma chuva leve, fraca, típica de um inverno rigoroso. Já havia desistido de escrever, não conseguia achar inspiração nem na música que tocava. Continuei a observar e vi do outro lado alguém, um garoto que talvez já conhecesse, mas ainda não sabia quem era exatamente. Me observava da janela e me olhava de uma forma até constrangedora. Aqueles olhos se fixaram em mim (ou talvez já estivessem ali há muito tempo) de tal forma que nunca havia visto até então. Ele usava uma camisa azul escura e apoiava-se com os dois braços no parapeito da janela, enquanto contorcia os
lábios, como se quisesse me dizer alguma coisa. Ficamos os dois parados por alguns minutos mais, passei a analisá-lo mais e constatei que ele era meu vizinho há seis anos. Poucas vezes havia falado com ele. Talvez quase nunca. Eu não era do tipo de garota que se abria, eu nem tinha muitos amigos, assim como ele. Meu vizinho não saia de casa, pelo menos eu nunca tinha o visto na rua com os amigos e colegas, assim como eu. Não éramos os mais sociáveis dentro das
nossas rodas de relacionamento. Comecei a notar que tínhamos muito em comum, de fato. Comecei a contorcer meus lábios também, e nem sabia por que fazia isso. Em certo momento ele se cansou, virou de costas, parecia estar pensando... Não
consegui ver seu rosto nem o que fez quando mergulhou na escuridão do quarto, mas poucos segundos depois ele estava abrindo a porta de sua casa, saindo com um casaco preto e um tênis branco. Parou no meio da rua e me olhou novamente. Parecia sem graça e sem jeito. Ficou ali me encarando até que eu tomei a coragem de descer. Sabia que o assunto a ser
tratado era comigo. Meio sem fôlego e ansiosa, peguei também um casaco qualquer, penteei o cabelo todo bagunçado e desci as escadas, também pensativa. Abri a porta de casa lentamente e logo encontrei os seus olhos novamente.
Olhamos para o chão instintivamente. Parei na sua frente e ficamos um tempo nos olhando sem dizer uma palavra, apenas sorrindo, pra variar, sem graça. Achei que era hora de largar minha timidez e peguei levemente em sua mão. Começamos a andar em uma direção qualquer, ele parecia não saber onde estava, então o guiei com a minha pouca experiência. Nem havíamos chegado às montanhas (aquelas que só víamos no horizonte das janelas de nossos quartos) quando começou a chover forte. Mas não nos importamos com isso, nossas mãos estavam entrelaçadas, suadas, escorregadias... Não sei se pela chuva ou pelo nervosismo. Nenhum de nós sabia onde aquilo iria dar e muito menos o fim que teria. Era exatamente isso que temíamos. Paramos debaixo de uma árvore, já ensopados, e as gotas de suor
se misturavam na minha pele com as gotas de chuva que escorriam no meu corpo todo. Encostei-me ao tronco e ficamos um de frente para o outro... Olhamos-nos (mais uma vez) e então nos beijamos. Não sei quem tomou essa iniciativa, mas tive certeza que nós dois pensamos que essa era à hora certa. Foi sem pensar, sem refletir no que estava em jogo... E foi como num passo de mágica, a chuva havia parado, a neve deixou de cair pouco depois... As plantas estavam com um verde vivo e o sol apareceu entre as nuvens que se desfaziam rapidamente no céu. Logo nos iluminou e nossos corpos mesmo depois de
quentes não deixaram se afastar. Ele me apertou contra o seu peito e eu avancei ainda mais na sua boca, beijando-o fortemente, passando as mãos nos seus cabelos e sentindo o coração pulsar cada vez mais. Sua boca se encaixava
perfeitamente com a minha. Quando nos separamos, pude sentir sua respiração se afastar...Nos encaramos e começamos a rir. Voltando para casa, tinha a certeza que havia encontrado o homem que procurava. Aquele que me fazia feliz e que me aceitava do jeito que sou... Sem dizer uma palavra, me conquistou. Logo que cheguei, corri para o quarto e me posicionei em frente à janela. Sabia que a qualquer momento ele estaria ali novamente e não demorou muito, lá estava ele, sorrindo. Ele havia desenhado um coração com a pontinha do dedo no vidro do quarto dele. E eu não me canso de ver esses olhos, de ver esse sorriso e esse coração da janela... porque eu faria tudo para tê-los para o resto de minha vida.
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Um blog dedicado à informação, diversão, entretenimento e as histórias do dia a dia vividas por mim.
Para início de conversa...
Postado por
Alessandra Sabbag
às
15:51
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
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poemas poesias e textos
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- Alessandra Sabbag
- São Paulo, SP, Brazil
- Jornalista, adora ciência e os encantos da vida. Ama ler, escrever textos, poemas, poesias e apaixonada por cachorros. Uma mente conservadora nos ideais mas usa e abusa do mais moderno para conseguir seus objetivos e sonhos.
belo texto =D e assim vc me deixa mais apaixonado ainda TE AMOOOO