Fenômeno literário faz mulheres reviverem lado misterioso do amor
Seja pela sociedade em que fomos
acostumados a viver, onde a mulher sempre fez o seu papel de dona de casa, esposa
exemplar e muitos cuidados aos filhos, ou pela condição de ser teoricamente
frágil, o sexo no universo feminino continua sendo um tabu na casa das melhores
famílias. O jeito é recorrer às medidas alternativas, como os livros da série Cinquenta Tons, que tem causado muita polêmica
por aí.
Após a década de 60, com a
chegada da pílula anticoncepcional, a mulher tomou mais posse do seu próprio
corpo e conquistou uma mera liberdade sexual, que sempre teve que deixar
guardado para si. E quando, em alguns momentos da história, surgem materiais
com esse conteúdo, a espontaneidade do lado sexual feminino estoura. A verdade
é que a revolução começou faz tempo e só agora dá seus ares em público.
O mundo manjado dos homens que
podíamos assistir nas telonas até alguns anos atrás era sempre a mesma: o
personagem principal, algemado, esperando a garota “gostosa” o levar para o paraíso.
Isso ficou conhecido pela humanidade como a liberdade da mulher, e o que de
fato prova-se nestes últimos tempos ser uma fantasia masculina falsa na
perspectiva feminina. Hoje, essa mulher
sabe o que quer na cama e é capaz de assumir os mais diversos papéis
visualizando não somente o prazer do seu parceiro, mas também do seu próprio. “A
mesma mulher que gosta de bancar a dominadora com um cara, pode exercer o papel
de submissa de outro. A excitação feminina não é estática.”, afirma a
antropóloga Mirian Goldenberg a reportagem da Veja.
Ao contrário do que se diz, o
estado de submissão de Anastasia Steele perante o sadomasoquista Christian Grey
é bem diferente de violência sexual, uma vez que o personagem principal se
sente extremamente atraído pela mocinha, emocionalmente. Fora das quatro
paredes, ele é o príncipe que protege a princesa. “O desejo de ser dominada
sexualmente por um homem bonito, que a respeita e corteja, é a mais comum das
fantasias”, diz a psicóloga Randi Gunther. De acordo com ela, isso se tornou uma
novo tipo de poder. Em palavras mais extensas, a mulher adora ter a sensação de
que aquele homem só sentirá tal nível de prazer estando em sua companhia. E
alguma moça ou senhora negaria que isso lhe dá realmente prazer?
Em 2006, uma pesquisa da
universidade canadense McGill, utilizou sensores para medir a temperatura do
corpo de homens e mulheres enquanto viam imagens pornográficas, e constatou que
elas são muito mais sensíveis e que se excitam tão rapidamente quanto eles. Na
Universidade de Nevada, nos EUA, a psicóloga Marta Meana colocava um óculos capaz
de acompanhar o movimento dos olhos durante uma cena sensual. Os homens apenas
viam o corpo e rosto da mulher enquanto as mulheres dividiam a atenção para os
dois. Fitavam o rosto masculino e depois
o corpo feminino, admirando o fascínio dele por ela. “A pesquisa provou que o
desejo da mulher não está só atrelado à intimidade com o parceiro, mas também à
necessidade de se sentir desejada.”, explica.
Apesar de “submissão” e “dominação”
serem termos fortes e darem uma conotação um tanto quanto machista ou violenta,
os fatos que vem ocorrendo com a leitura de Cinquenta
Tons tem libertado esse lado sexual que pouquíssimas mulheres tem coragem
de assumir e ainda mais importante, tem feito com que elas se conheçam ainda
mais. É como um relatório romanceado com pimenta que muitas delas desejam poder
fazer. Algumas inclusive estão experimentando coisas novas, novas formas de se
dar prazer, e até mesmo, “ensinar” ao companheiro o que querem na cama, de que
forma querem. Hoje uma mulher pode afirmar que gosta de ser subjugada no sexo. “Há
mais liberdade e independência do que isso?”, questiona a psicanalista Regina
Navarro Lins.
A verdade é que todas as mulheres
podem ser uma Anastasia: femininas, românticas, charmosas, atraentes... E que todas
desejam ter um Christian: bonito, atencioso, preocupado, protetor e extremamente
ardente entre quatro paredes. Restam dúvidas?
Leia as críticas de Cinquenta Tons de Cinza e Cinquenta Tons Mais Escuros e também o post especial sobre as Fantasias Eróticas e a Imaginação
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