Crítica: Animais Fantásticos e Onde Habitam

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

 Apesar de derivar de Harry Potter, mundo mágico retorna às telas de um modo diferente e mostra independência 




Fazer uma crítica ou resenha de Animais Fantásticos e Onde Habitam não é uma tarefa fácil para alguém que acompanhou e leu toda a história de Harry Potter. O mesmo vale para todos os envolvidos na produção. Levar o legado do bruxo mais famoso do mundo é como carregar um fardo: não pode ser igual, pois faltará a originalidade; não pode ser diferente, pois se trata do mesmo mundo; e ainda correr o enorme risco de um grande fiasco. O desafio era, portanto, gigantesco.

Um desafio que na verdade parece mágica nas mãos de J.K. Rowling. Se você vai ao cinema assistir Animais Fantásticos e espera ali encontrar uma pontinha de “Harry Potter”, esqueça. Claro, há referências, objetos, nomes – mas, definitivamente, não estamos vivendo a mesma coisa. E isto é o que há de mais fantástico, pois acabamos entrando em um novo mundo bruxo, onde não sabemos o que vai acontecer ou quem são aqueles personagens. Apesar de existir a base, para qualquer um, fã de Harry Potter ou não, isto é novo. Não há como deixar de se impressionar com a quantidade de coisas – que nós sempre julgamos conhecer. 

O público do lado de fora representa bem a evolução dessa geração. São namorados, maridos, esposas, mães e filhos (não crianças, vejam bem), velhos amigos, em novas etapas de suas vidas, já crescidos. E neste novo longa não estamos falando do primeiro amor, da “escola”, das “aventuras” – estamos falando de guerra, intolerância, julgamentos. Enfim, uma saga que cresceu junto da geração que a acompanha. 

Eddie Redmayne, vencedor de um Oscar, transmite pela tela exatamente aquilo que se espera do protagonista Newt Scamander. Mas é Dan Floger, o não-mágico, que vai conquistar o público com uma atuação cômica e ainda assim, pura em sua essência. Com ele, nada parece forçado, ao contrário da personagem Queenie, da qual, diga-se de passagem, não me cativou muito. O enredo não peca: muito mais sombrio, tenso e maduro. Óbvio que não se fala somente de animais fantásticos que fugiram da maleta de um bruxo que os estuda e causam confusão em New York. Este é apenas o pretexto para algo maior que acontece ao fundo.

É o que dará o pano para a manga em todos os próximos quatro filmes já confirmados. No entanto, surpreende por aparecer tão cedo. Precoce? Talvez. Porém, sem dúvida é de sentir um frio na espinha quando você observa a tela mudar e...Isso realmente aconteceu? Ousado em um primeiro momento e óbvio alguns instantes depois. Mas não perca seu tempo tentando encontrar ali todas as referências a Harry Potter, pois elas quase não existem. Afinal, os efeitos em 3D dos animais e da destruição em si são muito bons e valem a sua imersão. Dá vontade de entrarmos naquela maleta junto com Newt e cuidarmos de todos eles! 

Ainda assim, o filme não é perfeito. Peca nas lutas com varinhas. Falta mais emoção, mais feitiços complexos, mais vontade – As varinhas são pouco usadas e são elas, afinal de contas, que representam um bruxo. Deixou a desejar neste quesito, mas nada que afete a obra como um todo. Transformar um pequeno livro-catálogo de 63 páginas em um filme de quase 3 horas também não deve ser fácil e algumas coisas acabam ficando pelo caminho, naturalmente. Animais Fantásticos e Onde Habitam é, portanto, um longa introdutório para histórias ainda mais complexas e obscuras que escutamos por cima, sem muitos detalhes. Não há nostalgia, não se prende a algo anterior. J.K. Rowling nos descortina um mundo novo e a única coisa da qual podemos ter certeza sobre isso, é que não teremos a certeza de mais nada.

Link da matéria original no meu site: http://www.etamundobom.net.br/2016/11/animais-fantasticos-e-onde-habitam.html 

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