Como saber se estou humanizando o meu animal?

terça-feira, 6 de dezembro de 2016
Você já deve ter tido esta dúvida, com certeza. Cães com comportamentos estranhos, como agressividade, lambedura excessiva, agitação, ansiedade ou até mesmo ser muito apegado ao dono, podem ser sinais que de você está fazendo algo errado com seu animalzinho. E nós sempre nos preocupamos muito com eles, não é verdade?


Fiz uma matéria especial sobre este tema com a Dra. Livia Romeiro, veterinária e especialista em comportamento animal, da Vet Quality Centro Veterinário. Listei algumas atitudes que vejo em muitos grupos de animais no facebook e pedi à especialista que comentasse sobre este comportamento humano com relação aos bichinhos. Veja abaixo as respostas dela e fique atento ao que você está fazendo com ele:

Se você faz...
...Festa de aniversário: é uma forma de humanizar, mas é um dos menores desencadeantes de problemas comportamentais. Até porque só ocorre uma vez ao ano, e na verdade pode até ser uma boa forma de socializar o animal a outros da sua espécie.
...Dar chupeta: Humanização extrema. Nenhum animal, nem mesmo nós humanos necessitamos do estímulo da sucção fora do período de aleitamento. Isso pode gerar dependência psicológica ao animal, além de ser um grande risco para a ingestão de corpo estranho (o bico da chupeta) podendo levar o animal a um quadro obstrutivo onde será necessária cirurgia para retirada do mesmo.
...Falar com voz de criança e tratar como um bebê: não chega a ser uma humanização, pois para o cão esta é forma de comunicação que ele conhece daquela determinada pessoa. Ele entende como se ela só falasse assim. Mostra um certo grau de inferioridade para os cães pois sons mais agudos são entendidos como certa fraqueza, perto de sons graves e mais confiantes.
...Preocupação excessiva com o animal  (questionando sempre se ele está com o peso ideal, se isso ou aquilo é normal, etc): este zelo com a saúde não pode ser caracterizada como humanização a não ser que o proprietário comece a compara as próprias doenças com o cão Por exemplo, levar o animal ao veterinário para ver se ele tem bronquite pois o dono também tem e acredita que o cão realiza determinada reação igual a ela, logo tem a mesma doença. Ou por ser diabética, aplica a mesma dieta ao cão, pois acredita que ele seja diabético também.
 ...Carregar o animal no colo mesmo quando não é necessário: forte característica de humanização e bem prejudicial ao comportamento canino e felino.  
...Fazer uma decoração especial no cantinho onde ele dorme: não impacta muito no animal desde que o limite de conforto dele não seja afetado. Espaços muito enfeitados se tornam muito estimulantes para um gato que necessita apenas de uma toca escurinha e confortável para dormir.
...Ter um carrinho de bebê para levá-lo ao passeio: humanização, da mesma forma como levar o cão no colo mesmo quando não é necessário.
 
Você pode conferir a matéria completa, com outras perguntas sobre saúde animal no meu site: http://www.etamundobom.net.br/2016/09/como-saber-se-voce-esta-humanizando-o.html

Crítica: Animais Fantásticos e Onde Habitam


 Apesar de derivar de Harry Potter, mundo mágico retorna às telas de um modo diferente e mostra independência 




Fazer uma crítica ou resenha de Animais Fantásticos e Onde Habitam não é uma tarefa fácil para alguém que acompanhou e leu toda a história de Harry Potter. O mesmo vale para todos os envolvidos na produção. Levar o legado do bruxo mais famoso do mundo é como carregar um fardo: não pode ser igual, pois faltará a originalidade; não pode ser diferente, pois se trata do mesmo mundo; e ainda correr o enorme risco de um grande fiasco. O desafio era, portanto, gigantesco.

Um desafio que na verdade parece mágica nas mãos de J.K. Rowling. Se você vai ao cinema assistir Animais Fantásticos e espera ali encontrar uma pontinha de “Harry Potter”, esqueça. Claro, há referências, objetos, nomes – mas, definitivamente, não estamos vivendo a mesma coisa. E isto é o que há de mais fantástico, pois acabamos entrando em um novo mundo bruxo, onde não sabemos o que vai acontecer ou quem são aqueles personagens. Apesar de existir a base, para qualquer um, fã de Harry Potter ou não, isto é novo. Não há como deixar de se impressionar com a quantidade de coisas – que nós sempre julgamos conhecer. 

O público do lado de fora representa bem a evolução dessa geração. São namorados, maridos, esposas, mães e filhos (não crianças, vejam bem), velhos amigos, em novas etapas de suas vidas, já crescidos. E neste novo longa não estamos falando do primeiro amor, da “escola”, das “aventuras” – estamos falando de guerra, intolerância, julgamentos. Enfim, uma saga que cresceu junto da geração que a acompanha. 

Eddie Redmayne, vencedor de um Oscar, transmite pela tela exatamente aquilo que se espera do protagonista Newt Scamander. Mas é Dan Floger, o não-mágico, que vai conquistar o público com uma atuação cômica e ainda assim, pura em sua essência. Com ele, nada parece forçado, ao contrário da personagem Queenie, da qual, diga-se de passagem, não me cativou muito. O enredo não peca: muito mais sombrio, tenso e maduro. Óbvio que não se fala somente de animais fantásticos que fugiram da maleta de um bruxo que os estuda e causam confusão em New York. Este é apenas o pretexto para algo maior que acontece ao fundo.

É o que dará o pano para a manga em todos os próximos quatro filmes já confirmados. No entanto, surpreende por aparecer tão cedo. Precoce? Talvez. Porém, sem dúvida é de sentir um frio na espinha quando você observa a tela mudar e...Isso realmente aconteceu? Ousado em um primeiro momento e óbvio alguns instantes depois. Mas não perca seu tempo tentando encontrar ali todas as referências a Harry Potter, pois elas quase não existem. Afinal, os efeitos em 3D dos animais e da destruição em si são muito bons e valem a sua imersão. Dá vontade de entrarmos naquela maleta junto com Newt e cuidarmos de todos eles! 

Ainda assim, o filme não é perfeito. Peca nas lutas com varinhas. Falta mais emoção, mais feitiços complexos, mais vontade – As varinhas são pouco usadas e são elas, afinal de contas, que representam um bruxo. Deixou a desejar neste quesito, mas nada que afete a obra como um todo. Transformar um pequeno livro-catálogo de 63 páginas em um filme de quase 3 horas também não deve ser fácil e algumas coisas acabam ficando pelo caminho, naturalmente. Animais Fantásticos e Onde Habitam é, portanto, um longa introdutório para histórias ainda mais complexas e obscuras que escutamos por cima, sem muitos detalhes. Não há nostalgia, não se prende a algo anterior. J.K. Rowling nos descortina um mundo novo e a única coisa da qual podemos ter certeza sobre isso, é que não teremos a certeza de mais nada.

Link da matéria original no meu site: http://www.etamundobom.net.br/2016/11/animais-fantasticos-e-onde-habitam.html