Crítica: A Culpa é das Estrelas

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Se você está psicologicamente preparado para suportar histórias tristes e personagens extremamente humanos com todos os seus defeitos, certamente vai querer ler A Culpa é das Estrelas. Não se tem falado de outro título que não seja este, principalmente após o lançamento do filme nos cinemas de todo o mundo. No entanto, há ressalvas. E muitas ressalvas.
A principal questão é: Porque este foi um livro que permaneceu no Top 5 dos mais vendidos, em mídia e publicidade, com uma história tão simples e com personagens tão vazios? Sim, o câncer, tema central que orbita em torno de Hazel, Augustus, Isaac e tantos outros, é um estado degenerativo-deprimente, que nos faz chorar em algumas páginas, pensando em como a vida é injusta com as pessoas.
No entanto, desde o primeiro momento, apesar da emoção com a história, não fui nem um pouco simpática a Hazel e preferi colocar minha fé de aquilo iria melhorar. Mas não melhorou. Talvez esse tenha sido mesmo o objetivo de John Green, pois assim, ele mostra ao mundo algo mais realista e que contraria o que pensamos desse universo de doenças terminais.
Hazel é uma personagem egoísta e fraca - isso mesmo! Vive em suas lamentações, se achando a pior vítima do mundo por não ter os pulmões normais e 'critica' a postura das pessoas ao seu redor (isto inclui o pai, a mãe e o Grupo de Apoio) que tentam lhe ajudar da maneira que elas entendem como sendo o melhor. Não há uma coisa positiva nos pensamentos ou dizeres de Hazel. Nem mesmo quando o namorado Augustus usa o seu Desejo para realizar uma grande sonho dela! A frieza da personagem é algo que vai além das suas características mentais, e se transporta inclusive para o relacionamento com Gus. Chega a ser algo completamente sem sal, monótono, que ocorre sem mais nem menos. Muito sem graça.
Ainda assim, é tocante, é emotivo, é triste - tudo por causa do indesejável câncer. Mas realmente, se formos parar para pensar, como será que eu seria se descobrisse algo assim? Como será que eu encararia a vida sabendo que estava morrendo? Não posso criticar o autor ou a personagem por essa postura. Não tenho isso (Graças a Deus) para saber na pele como seria. Talvez essa seja a verdade por trás daquela máscara de "tenho que ser forte", suportar a dor e a perda, continuar vivendo embora a alma peça por descanso. Deve ser algo inimaginável. Mas ainda acredito que no meio de tantas pessoas e médicos sem esperança, que existam outros milhares que realmente buscam lutar para viver um dia mais, simplesmente por acreditarem que vale a pena presenciar o sorriso de alguém que você ama ou que ama você.
Talvez, outras milhares aproveitem cada minuto, cada segundo, sem se importarem com aquilo que as destroem, apenas tentando viver. E outras milhares, que apesar de não estarem gravadas na história para serem lembradas eternamente (como Augustus sempre quis), doam cada gota de suas vidas em experiências com novos tratamentos e medicamentos, na esperança de que isso um dia possa estabelecer a cura ou pelo menos, prolongar a estadia dos futuros portadores de câncer do mundo. Para mim, John Green mostrou a verdade de muitos deles, mas ainda assim, acredito que existam os melhores, os que são mais do que isso. Positivo ou negativo, A Culpa é das Estrelas foi feito para chorar.

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