Crítica: O Jogo Perfeito e Virando o Jogo

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

O Jogo Perfeito é o primeiro volume de uma trilogia da escritora J. Sterling, publicado pela Faro Editorial (Sim, mais uma novinha no mercado pra gente se derreter em leitura!), que conta a história de Cassie Andrews, uma universitária que se apaixona pelo jogador de beisebol do colégio - e também babaca -, Jack Carter
De início, a sinopse é um tanto fraca: mais uma história de amor clichê sobre a garota legal que fica encantada com os olhares e músculos do garoto pegador e garanhão. É verdade, muita dosagem adolescente em um único livro. Mas nem por isso deixa de ser bom. O linguajar é bem simples, fácil de entender, com direito até a algumas palavras de baixo calão (porém não muitas, então é possível relevar). 
O mais interessante em todo o enredo na verdade são as conversas de Cassie e Jack, onde muitas vezes 'curtimos com os olhos' as provocações e a determinação de cada um em se distanciar ou ficar perto um do outro. Algumas passagens chegam a ser engraçadas e claro, em outras, você se envolve tanto com o livro que quer matar Jack Carter! E é isso que o torna bom.
Quando um livro consegue trazer você para dentro da história, ele cumpre o seu papel - e se você permanecer nele até mesmo nos seus pensamentos do dia a dia ou nos seus sonhos durante a noite, então ele é fantástico! O Jogo Perfeito e o segundo volume Virando o Jogo, conseguem fazer com que o leitor fique na história pelo menos quando está lendo e se envolver de maneira física e mental com cada um dos personagens. Confesso que não é do meu gosto as narrações de sexo usadas pela autora - Ninguém ainda bateu Diários de Uma Paixão neste quesito - que inventou um Crepúsculo misturado com uma pitadinha de Cinquenta Tons de Cinza

Os livros são ideais para casais que estão começando um relacionamento e que se encontram naquele momento de estabelecer a confiança e tornar a brincadeira em algo sério. Qualquer adolescente vai gostar da história, se envolver e pensar se ela vai pelo mesmo caminho. Apesar das cenas de sexo e de um certo palavreado, é um livro leve que você consegue devorar em poucos dias.
Mas, certamente não é o tipo de livro que pessoas mais velhas, com relacionamentos mais duradouros, estariam interessadas em folhear. Por isso, pense bem na sua escolha. Eu ainda estou ansiosa para saber o final ;)

Crítica: A Culpa é das Estrelas


Se você está psicologicamente preparado para suportar histórias tristes e personagens extremamente humanos com todos os seus defeitos, certamente vai querer ler A Culpa é das Estrelas. Não se tem falado de outro título que não seja este, principalmente após o lançamento do filme nos cinemas de todo o mundo. No entanto, há ressalvas. E muitas ressalvas.
A principal questão é: Porque este foi um livro que permaneceu no Top 5 dos mais vendidos, em mídia e publicidade, com uma história tão simples e com personagens tão vazios? Sim, o câncer, tema central que orbita em torno de Hazel, Augustus, Isaac e tantos outros, é um estado degenerativo-deprimente, que nos faz chorar em algumas páginas, pensando em como a vida é injusta com as pessoas.
No entanto, desde o primeiro momento, apesar da emoção com a história, não fui nem um pouco simpática a Hazel e preferi colocar minha fé de aquilo iria melhorar. Mas não melhorou. Talvez esse tenha sido mesmo o objetivo de John Green, pois assim, ele mostra ao mundo algo mais realista e que contraria o que pensamos desse universo de doenças terminais.
Hazel é uma personagem egoísta e fraca - isso mesmo! Vive em suas lamentações, se achando a pior vítima do mundo por não ter os pulmões normais e 'critica' a postura das pessoas ao seu redor (isto inclui o pai, a mãe e o Grupo de Apoio) que tentam lhe ajudar da maneira que elas entendem como sendo o melhor. Não há uma coisa positiva nos pensamentos ou dizeres de Hazel. Nem mesmo quando o namorado Augustus usa o seu Desejo para realizar uma grande sonho dela! A frieza da personagem é algo que vai além das suas características mentais, e se transporta inclusive para o relacionamento com Gus. Chega a ser algo completamente sem sal, monótono, que ocorre sem mais nem menos. Muito sem graça.
Ainda assim, é tocante, é emotivo, é triste - tudo por causa do indesejável câncer. Mas realmente, se formos parar para pensar, como será que eu seria se descobrisse algo assim? Como será que eu encararia a vida sabendo que estava morrendo? Não posso criticar o autor ou a personagem por essa postura. Não tenho isso (Graças a Deus) para saber na pele como seria. Talvez essa seja a verdade por trás daquela máscara de "tenho que ser forte", suportar a dor e a perda, continuar vivendo embora a alma peça por descanso. Deve ser algo inimaginável. Mas ainda acredito que no meio de tantas pessoas e médicos sem esperança, que existam outros milhares que realmente buscam lutar para viver um dia mais, simplesmente por acreditarem que vale a pena presenciar o sorriso de alguém que você ama ou que ama você.
Talvez, outras milhares aproveitem cada minuto, cada segundo, sem se importarem com aquilo que as destroem, apenas tentando viver. E outras milhares, que apesar de não estarem gravadas na história para serem lembradas eternamente (como Augustus sempre quis), doam cada gota de suas vidas em experiências com novos tratamentos e medicamentos, na esperança de que isso um dia possa estabelecer a cura ou pelo menos, prolongar a estadia dos futuros portadores de câncer do mundo. Para mim, John Green mostrou a verdade de muitos deles, mas ainda assim, acredito que existam os melhores, os que são mais do que isso. Positivo ou negativo, A Culpa é das Estrelas foi feito para chorar.