Para um filme que queria muito ver no cinema, o livro já mostra que não perdi muita coisa. As aventuras de Pi não tem absolutamente nada de aventuras, nada de boa história, nada de emoção. Yann Martel passou muito longe do que propunha: descrever como um garoto sobrevive no meio do oceano com um tigre de bengala no bote salva vidas.
A proposta inicial era interessante, mas falhou com uma viagem monótona, colocação de texto e linguagem sempre com a mesma linearidade, e argumentos sem fundamentos. Estranho? Talvez. A história conta sobre o naufrágio de um navio que matou toda a família indiana de Pi Patel, onde ele e uma hiena, uma orangotango, uma zebra e um tigre conseguem conviver por mais de 250 dias num minúsculo barco. No entanto, tudo se passa de forma muito chata.
Desde contar o porque o nome do personagem principal é Piscine e o apelido é Pi - que não acrescentam nada até o final - até a investigação do naufrágio no México, totalmente sem respostas. O que nada muda no enredo. Aliás, nesta parte, o leitor se depara com um novo modo de ver os acontecimentos da história, sendo os animais substituídos por humanos (inclusive a mãe de Pi, que supostamente na primeira versão criada por ele teria morrido afogada junto do pai e do irmão).
A sensação de acabar o livro é decepcionante, pois fica a questão: "Onde Yann quis chegar com isso?". E a resposta é muito óbvia: "Ele quis falar sobre a superação, a coragem e os empecilhos psicológicos que são vividos em uma situação dramática do personagem". Ok. Nada demais. Nada que faça a história vingar, convencer, agradar e se tornar um best seller. Não, está muito longe disso. E os furos e as pontas soltas? São várias.
Apesar de tudo, a linguagem é mais rica e os detalhes mais bem observados, de uma forma que me encantou ao "paladar". Por isso esperava mais e uma verdadeira aventura. Solitário, o pequeno Pi criou com a sua mente e um tigre, um lero-lero sem fim que não dá em lugar algum.
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