A experiência por ela própria

sexta-feira, 16 de agosto de 2013
Não costumo usar o blog para coisas pessoais, salvo notícias de opinião ou poesias da minha autoria. Mas de uma hora para outra, percebi que o mundo está precisando do que eu preciso: Ouvir a voz da experiência e saber que existe uma motivação, uma luz no fim do túnel, para vencer uma luta. É verdade que fazemos um drama em cima daquilo que nos acontece, porém, todos necessitam admitir que ninguém gosta de se encontrar resolvendo ele sozinho.
Por isso, gostaria de compartilhar com vocês, leitores, tudo que passo por possuir um pequeno problema que surgiu de algo maior. E como esta é uma nova fase que, obrigatoriamente, tenho que escolher, pensei: "Porque não contar às pessoas como isso vai acontecer e onde tudo vai terminar?". O que tenho, diversas pessoas também tem. Inclusive, já fiz amizades por causa disso.
Compartilhar sua experiência com os outros é sempre bem vindo, tanto pra você quanto para o outro. Porque o momento de agir é agora e o de errar já passou. E você só não erra mais, quando por experiência própria ou ouvida, sabe que dá errado.
Quero contar tudo desde o começo, pois tenho certeza que algumas pessoas vão poder compreender o meu drama psicológico e não tirar conclusões precipitadas. Além disso, vão poder acompanhar o tratamento e tudo que fiz para poder melhorar mentalmente como pessoa, e fisicamente, claro. Quem sabe, não funcione com você também?

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Quando se é criança, temos muitos medos que com o passar do tempo vão embora. Mas ainda lembro (porque tenho isso até hoje) que havia uma coisa específica que me assustava a ponto de me fazer tremer como se fosse um liquidificador velho. Passar mal do estômago, um pequeno enjoo, era o suficiente para me deixar alerta. Preferia qualquer dor ou doença, cólicas menstruais de derrubar na cama, dor de cabeça latejante da sinusite, a sentir o meu colega de fome reclamar. Consigo recordar ainda, com 5, 6 ou 7 anos de idade, contei para minha mãe sobre o meu pânico de vir a ter um problema estomacal.
É verdade que já tinha um intestino preguiçoso (e muito!), mas ele nunca foi um "problema" pra mim. Ouvia as pessoas reclamarem quando os seus não funcionavam direito em uma semana ou outra, mas no meu caso, isso era normal e nunca liguei pra isso. Fiz tantos tratamentos com medicamentos e comidas diferentes e nenhum deu o resultado esperado (tomava aquele Tamarine, além de uns xaropes de óleo horríveis). Chegou um dia que dei um basta em todos eles e deixei meu intestino ser o que era, da forma como queria e nunca mais me importei. Até hoje, ele nunca me fez sentir mal e nunca foi o meu "problema".
Em fevereiro de 2008 é que teria início o pequeno e chato incômodo. Depois de passar horas no hospital tomando soro e mais quatro meses de enjoo, fiz a endoscopia e lá estava ela. O diagnóstico de Gastrite Nervosa Leve foi quase como dizer que eu estava a ponto de ter um câncer. Pouco antes disso tudo acontecer, havia feito uma dieta de apenas um mês e perdi os quilos que queria, mas com todo o mal-estar que sentia ao ingerir os alimentos acabei perdendo ainda mais. Não fiquei anêmica, mas fiquei magrela. Por isso que se alguém diz que quer emagrecer, digo "siga essa dieta, sempre funciona".
Se alguma vez na vida tive depressão, pode apostar que foi neste momento. Os enjoos não passavam, os medicamentos não estavam adiantando nada. O melhor que fiz foi excluir do cardápio os itens gordurosos e cinco meses depois o estômago melhorou significativamente, a ponto de me permitir comer besteiras de novo. Isso foi um erro. 

Acredito ainda que o fato de ter arrumado um namorado e de estar verdadeiramente apaixonada, curou muito dos males que sentia. Ganhei um pouco de peso novamente e me sentia bem....

...Mas é preciso retomar agora o que quero que seja um exemplo para muita gente.

Crítica: As Aventuras de Pi

domingo, 4 de agosto de 2013

Para um filme que queria muito ver no cinema, o livro já mostra que não perdi muita coisa. As aventuras de Pi não tem absolutamente nada de aventuras, nada de boa história, nada de emoção. Yann Martel passou muito longe do que propunha: descrever como um garoto sobrevive no meio do oceano com um tigre de bengala no bote salva vidas.
A proposta inicial era interessante, mas falhou com uma viagem monótona, colocação de texto e linguagem sempre com a mesma linearidade, e argumentos sem fundamentos. Estranho? Talvez. A história conta sobre o naufrágio de um navio que matou toda a família indiana de Pi Patel, onde ele e uma hiena, uma orangotango, uma zebra e um tigre conseguem conviver por mais de 250 dias num minúsculo barco. No entanto, tudo se passa de forma muito chata.
Desde contar o porque o nome do personagem principal é Piscine e o apelido é Pi - que não acrescentam nada até o final - até a investigação do naufrágio no México, totalmente sem respostas. O que nada muda no enredo. Aliás, nesta parte, o leitor se depara com um novo modo de ver os acontecimentos da história, sendo os animais substituídos por humanos (inclusive a mãe de Pi, que supostamente na primeira versão criada por ele teria morrido afogada junto do pai e do irmão). 
A sensação de acabar o livro é decepcionante, pois fica a questão: "Onde Yann quis chegar com isso?". E a resposta é muito óbvia: "Ele quis falar sobre a superação, a coragem e os empecilhos psicológicos que são vividos em uma situação dramática do personagem". Ok. Nada demais. Nada que faça a história vingar, convencer, agradar e se tornar um best seller. Não, está muito longe disso. E os furos e as pontas soltas? São várias.
Apesar de tudo, a linguagem é mais rica e os detalhes mais bem observados, de uma forma que me encantou ao "paladar". Por isso esperava mais e uma verdadeira aventura. Solitário, o pequeno Pi criou com a sua mente e um tigre, um lero-lero sem fim que não dá em lugar algum.